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O Mistério do Mar Dançante

No coração pulsante de um imenso mar azul, sob a superfície cintilante e banhada pelo sol, existia o reino subaquático de Coralina. Lá, vivia uma jovem dançarina chamada Marina, que não era uma menina comum. Ela tinha uma cauda de sereia iridescente e longos cabelos verdes como as ondas no auge do verão.

Marina amava girar e salpicar ao ritmo das correntes, seus movimentos tão graciosos que até os peixes-palhaço paravam suas travessuras para admirar a dança dela. A fama de suas danças atravessava os mares, e todos concordavam que não havia apresentação que iluminasse mais o oceano do que as piruetas encantadoras da sereia.

Um dia, enquanto ensaiava novos passos perto dos jardins de algas, um objeto incomum chamou a atenção de Marina. Era uma caixinha de tesouro, só que bem menor que as demais, parecendo um cofrinho antigo. Estranhamente, ele não estava ali antes; parecia ter surgido misteriosamente das profundezas.

— Como veio parar aqui, pequenino segredo das águas? — perguntou Marina, pegando-o com cuidado.

O cofrinho estava trancado e não havia nenhuma chave por perto. Marina o sacudiu levemente perto do ouvido, curiosa com o tilintar suave que vinha de dentro.

— Talvez alguém no reino saiba como abrir um tesouro como você — disse ela sorrindo, enfiando-o em um bolsinho de algas tramadas que levava sempre consigo.

Decidida, Marina nadou em direção à praça das conchas, onde os sábios e artesãos se reuniam. No caminho, sua atenção foi desviada por uma voz suave que cantarolava uma melodiosa canção.

— Bom dia, minha cara dançarina — disse a voz.

À sua frente, na maciez esmeraldina das algas, uma lagartixa dançava ao vento com seus pequenos passos desengonçados.

— Que sincronia curiosa a sua, srta. Lagartixa! — exclamou Marina, encantada. — Por acaso sabe algo sobre cofrinhos misteriosos?

— Muito prazer, sou Lila, a lagarta que adora poesia e segredos do mar — apresentou-se a lagarta com um floreio. — E quanto ao seu cofrinho, ele guarda algo valioso, pois somente os verdadeiros tesouros precisam de uma chave.

Marina ponderou por um momento antes de decidir continuar sua busca mais à frente. Pouco depois, Lila desejou-lhe sorte e deslizou pelos galhos de coral, deixando um rastro de brilho prateado.

Finalmente, Marina chegou à praça das conchas, onde cada formação natural parecia murmurar histórias antigas. Ela abordou vários moradores, mas ninguém parecia conhecer algo sobre o cofrinho ou como abri-lo.

Desapontada, resolveu voltar para casa. No entanto, ao passar pelo jardim de algas novamente, notou que o local onde encontrara o cofrinho estava diferente. Parecia que a areia havia sido revirada. Intrigada, Marina decidiu aguardar ali, escondida entre as algas, para ver se alguém apareceria.

Ao cair da noite, uma sombra escorregadia surgiu, e Marina espreitou, vendo um polvo de aparência suspeita se aproximar da área. Ele vasculhou o leito marinho, revirando a areia com suas longas patas, procurando algo desesperadamente.

— Procura isto? — perguntou Marina, surgindo das algas com o cofrinho em mãos.

O polvo pulou de susto, e suas cores se misturaram numa gama caleidoscópica de tons.

— Ah, sim, é meu cofrinho! Perdi-o após a festa do arrecife ontem! — exclamou o polvo, aliviado. — Meu nome é Octavio, e no interior desse cofrinho está a chave da verdade.

— A chave da verdade? — Marina franziu a sobrancelha. — Que mistério é esse?

Octavio explicou que a chave dentro do cofrinho poderia abrir um baú antigo onde seus ancestrais guardavam uma escritura com verdades valiosas sobre a história do mar. Ele cometera um erro e temia que essa verdade se perdesse para sempre se não recuperasse a chave.

— Mas como vou abrir o cofrinho, se não tenho a chave? — questionou Marina, confusa.

— Aqui no mar, os verdadeiros tesouros abrem-se com bondade e honestidade — disse Octavio, estendendo os braços em um gesto amplo.

Marina pensou por um instante e tocou o cofrinho, segurando-o carinhosamente.

— Aqui está o seu cofrinho. Você falou a verdade, e sua sinceridade deve ser a chave.

Ao dizer isso, um suave clique se ouviu, e o tesouro se abriu, revelando uma pequena chave dourada brilhando intensamente. Octavio estava boquiaberto.

— Minha querida dançarina, sua honradez e bom coração desvendaram o fecho mágico. Vamos juntos ao baú antigo — disse o polvo, ainda em choque pela revelação.

Depois de uma breve viagem através dos vales de coral e escarpas submarinas, eles chegaram a uma gruta secreta. O baú estava meio escondido, coberto de conchas e corais antigos, mas o segredo que guardava era eterno.

A chave girou na fechadura com um som promissor e, lentamente, a tampa se abriu. Lá dentro, havia pergaminhos antigos, contando histórias de bravura, compaixão e justiça que foram fundamentais na fundação do reino de Coralina. A verdade, que Octavio tanto temia perder, respirava por meio daquelas palavras.

Marina e Octavio leram juntos, e a sereia dançarina ficou emocionada com o poder que a verdade podia ter.

— Prometo usar essas histórias para inspirar e ensinar nossos amigos do mar — falou Octavio, agradecido. — E tudo isso graças a você, Marina, que com sua dança, desvendou mais que o movimento das águas, mas a dança da verdade em nossos corações.

E assim, a cada nova dança de Marina, o reino de Coralina se enchia de mais luz e sabedoria, lembrando sempre que no fundo das águas ou na superfície da vida, a verdade, assim como a dança, sempre encontra um caminho para brilhar.

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