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O Grande Desafio da Lagarta no Ônibus Escolar

Numa manhã de outono, com folhas dançando ao sabor do vento, algo inusitado aconteceu bem no coração da cidade dos insetos. O ônibus escolar amarelo, famoso por seus detalhes verdes e rodas que pareciam feitas de tomates redondos, estava prestes a começar sua jornada, carregando pequeninos seres alados e rastejantes para a escola.

No ponto de ônibus mais movimentado da cidade, uma lagarta muito peculiar aguardava ansiosa. Lili, como era conhecida, não era uma lagarta comum. Suas cores eram as mais vivas entre verde e amarelo, com traços azuis que pareciam caídos do céu. Além de sua beleza, ela carregava um par de óculos minúsculos que desafiavam sua visão curiosa e ativa. Lili amava aprender e estava sempre entre os primeiros a subir no ônibus.

— Bom dia, Lili! — saudou o motorista, Sr. Besouro, um senhor sábio com bigodes prateados que lembravam raios de luar. Ele operava o ônibus com uma elegância única, suas antenas sempre vibrando com entusiasmo.

— Bom dia, Sr. Besouro! Que dia lindo para aprender algo novo, não acha? — respondeu Lili com um sorriso que iluminava suas bochechas.

Enquanto Lili se acomodava no banco reservado para as lagartas, próxima à janela, ouviu-se um tremor estranho. Uma voz sussurrante tornou-se audível e uma outra lagarta, um tanto desajeitada com uma mochila duas vezes o seu tamanho, tropeçou para dentro do ônibus.

— Oh, olá! — falou a recém-chegada, parecendo um pouco perdida. — Chamo-me Lara e… bem, eu nunca peguei o ônibus sozinha antes.

Lili, que também já se sentira insegura no passado, rapidamente percebeu que poderia ajudar.

— Venha, sente-se aqui comigo! — ofereceu Lili, batendo gentilmente o lugar ao seu lado. — Eu te mostro como tudo funciona. Somos companheiras de lagartice, não?

Lara sorriu agradecida e aceitou a oferta com um leve aceno de cabeça. Entre conversas sobre folhas frescas e os melhores ramos para cochilar, o ônibus partiu, percorrendo ruas cobertas com um tapete dourado de folhas caídas.

Em cada parada, novos passageiros embarcavam: uma linha de formigas com suas lancheiras em formato de grãos de açúcar, um grilo violinista que afinava seu instrumento para a aula de música e até uma jovem borboleta que deixou um rastro de polvilho mágico ao passar. O ônibus era um espetáculo de cores e sons, um microcosmo da diversidade da cidade dos insetos.

Contudo, a viagem estava prestes a se tornar uma aventura jamais esquecida. Ao contornar a última esquina antes da escola, um estalo alto soou sob o ônibus. O Sr. Besouro pisou no freio instintivamente, e todos os passageiros foram jogados para frente em um movimento brusco.

— Fiquem calmos, pequenos! — anunciou o Sr. Besouro, enquanto verificava o problema. — Parece que um dos nossos tomates… quer dizer, uma das rodas desinflou!

Os insetos olharam uns para os outros, não sabendo o que fazer. A escola ainda ficava a uma boa distância, e parecia que todos perderiam suas primeiras aulas.

— Temos que fazer algo! — exclamou Lili, a coragem subindo em suas antenas. — Se cada um de nós ajudar um pouquinho, talvez possamos levantar o ônibus para o Sr. Besouro trocar a roda!

— Mas somos tão pequeninos… — disse uma formiguinha com dúvida na voz.

— Juntos somos fortes! — Lili afirmou com convicção.

Com esse espírito, todos se uniram. As formigas saíram em formação, usando sua conhecida força para elevar o ônibus. O grilo usou seu violino como alavanca. Até a jovem borboleta batia suas asas com tanta força que ajudava a levantar um pouco o ônibus do chão.

Lara, incentivada por Lili, juntou-se à equipe, colocando sua grande mochila sob a roda desinflada, como um calço. Ela não podia acreditar que estava sendo tão útil.

Muitos minutos e muita graxa depois, uma nova roda, parecida com um tomate maduro e suculento, estava no lugar. O Sr. Besouro limpou a testa com um lenço de pétala de rosa, e todos aplaudiram o trabalho em equipe.

— Nunca tinha feito parte de algo assim! — disse Lara, brilhando com orgulho.

— Viste? — Lili a abraçou. — Todos temos algo a contribuir e juntos somos imbatíveis.

O restante da viagem foi marcado por risadas e o compartilhar de histórias sobre a grande aventura que acabara de passar. Quando chegaram à escola, cada um sentia que, além de conhecimento, eles haviam conquistado algo mais valioso naquela manhã: uma profunda lição sobre amizade e trabalho em equipe. E é assim que o ônibus escolar amarelo seguirá através dos dias, não apenas transportando passageiros, mas criando vínculos que durarão por muitas estações.

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