Num lugar onde os eucaliptos cresciam até tocar as nuvens, vivia Kantu, o coala curioso. Ele tinha olhos grandes, como duas gotas de orvalho, e um pelos cinzas tão macios que pareciam pedir cafuné a todo momento. Kantu amava ler histórias de aventuras e sonhava viver uma bem emocionante. Em vez de sonhar de olhos fechados, ele sonhava acordado, agarrado em seu galho favorito.
Um dia, uma trupe de artistas chegou à floresta com uma caravana adornada de lanternas coloridas e cortinas esvoaçantes ao vento. Os animais se enfileiravam para ver os malabaristas, os palhaços e os mágicos. Kantu, mais que interessado, desceu de sua árvore para explorar aquele universo rodante.
A caravana era puxada por dois cavalos robustos, com crinas trançadas com fitas que refletiam o arco-íris. As rodas da caravana estavam pintadas de dourado e giravam como sóis em miniatura. A porta, que parecia convidativa, estava aberta, como se esperasse por Kantu.
— Olá, viajantes! Eu poderia dar uma espiadinha dentro de sua maravilhosa casa? — perguntou Kantu, com a timidez de alguém que está prestes a entrar em um mundo desconhecido.
— Entre, pequeno amigo, a casa é sua também! — respondeu um homem alto, com capa vermelha e um sorriso que reluzia como sua insígnia de super-herói.
Para surpresa de Kantu, o homem alto não era um artista qualquer, ele era um super-herói de verdade chamado Valente Vento, que usava seus poderes para defender os indefesos e espalhar a alegria.
Dentro da caravana, Kantu viu malas com adesivos de lugares distantes, chapéus que pareciam ter histórias próprias e espelhos que brincavam com as imagens, as distorcendo de maneiras cômicas. No canto, uma boneca de pano de olhos brilhantes estava sentada, como se guardasse todos os segredos daquela caravana mágica.
— Meu nome é Kantu. Estou impressionado com todo esse esplendor! — disse o coala, seus olhos brilhando mais que as estrelas que começavam a aparecer lá fora.
Valente Vento sorriu e se abaixou para ficar à altura de Kantu.
— Vejo que tem o espírito aventureiro, Kantu. Tenho um convite para você. Junte-se à nossa jornada, e juntos podemos viver uma história digna dos livros que tanto ama!
Intrigado e vibrante com a ideia, Kantu concordou sem hesitar. Contudo, a boneca no canto piscou seus olhos de botão, e nesse instante, uma nuvem de purpurina cobriu a caravana, e ela começou a flutuar.
— Vejo que Lola, nossa boneca encantada, decidiu nos dar um impulso! — exclamou Valente Vento.
Kantu arregalou os olhos, mal podendo acreditar no que via. A caravana voava suavemente sobre as copas das árvores, levando-os para um céu pintado em tons de laranja, rosa e roxo enquanto o sol dizia adeus.
— Estamos indo para o festival da Luz Lunar, onde a noite brilha como o dia. E o mais incrível: você será a estrela principal da noite! — anunciou o super-herói.
— Eu? Mas o que eu faria lá? — perguntou Kantu, um tanto inseguro.
— Sua missão será reacender a Lua, que tem perdido seu brilho. Só um coração puro como o seu pode devolver a luz que ela precisa — explicou Valente Vento, apontando para o céu onde a Lua surgia tímida entre as estrelas.
Enquanto isso, lá embaixo, a fauna florestal cochichava em assombro, as criaturinhas acolhendo a ideia de que seu amigo coala se tornara parte de um milagre celestial.
Ao se aproximarem do local do festival, Kantu viu um mar de criaturas iluminadas, dançando ao som de músicas que lhe tocavam a alma. Ele sentiu uma emoção calorosa no peito, como se toda a sua vida o tivesse preparado para esse instante.
— Cada ser tem um propósito, Kantu, e o seu é brilhar — disse Valente Vento, passando-lhe uma pequena esfera de luz. — Concentre todo o seu amor nesta esfera e a lance para a Lua.
Kantu fechou seus olhos e pensou em tudo que amava: sua família, amigos, todos os livros que lhe tinham ensinado sobre bondade e coragem, e a floresta que o acolhia em seu abraço verde. Com todo o sentimento que carregava, ele lançou a esfera para o alto.
De repente, um raio brilhante jorrou da esfera, e a Lua, como se respondesse ao chamado do coala, reacendeu seu brilho prateado. O festival irrompeu em celebração, e Kantu viu que sua coragem havia feito a diferença.
— Você salvou a noite, Kantu. Agora, toda vez que olhar para a Lua, lembre-se de que seu coração iluminou o mundo — disse Valente Vento, alçando o coala nos braços para que todos o vissem como o herói que era.
E assim, embora Kantu voltasse para sua confortável árvore, ele nunca mais foi o mesmo. Suas histórias agora eram recheadas de aventuras próprias, e as criaturas da floresta reuniam-se para ouvi-lo contar sobre a noite em que transformara sua curiosidade em coragem, acendendo a Luz Lunar com a ajuda de um super-herói, uma boneca mágica, e da incrível Caravana Mágica.