Num vale coberto por um tapete dourado de girassóis, sob o céu azul pontilhado por nuvens que rivalizavam com algodão, vivia uma raposa curiosa chamada Rubi. Com sua pelagem laranja flamejante como o pôr do sol, olhos perspicazes e cauda felpuda, Rubi era conhecida por sua sagacidade e por sua alegria contagiante que iluminava o vale.
Certo dia, enquanto Rubi se dedicava a explorar o coração do campo de flores, ouviu um som estranho, algo que nunca ouvira antes em sua terra. Era uma espécie de grunhido profundo seguido por um ruído pesado, como se o solo tremesse em uma dança ritmada. A raposa, movida pela curiosidade, decidiu investigar. Com passos cuidadosos entre os girassóis que tocavam o céu, ela seguiu os sons até chegar a uma clareira onde um estranho e grande escorregador azul-céu repousava.
— Uau, isso é novo! — exclamou Rubi, deslumbrando-se com a estrutura brilhante diante dela. Mas, antes que pudesse se aproximar, viu uma sombra se mover atrás do escorregador.
— Quem está aí? — perguntou a raposa, com uma mistura de excitação e cautela.
De trás do escorregador surgiu um gorila de porte imenso, tão grande que parecia um pequeno monte de musgo e força. A pelagem dele era como a noite sem estrelas, e seus gentis olhos castanhos brilhavam com uma sabedoria profunda. O gorila, que se chamava Grom, olhou para Rubi e deu um sorriso pela surpresa.
— Olá, pequena guerreira dos girassóis. Eu sou Grom. Vim de muito longe em busca de paz e quietude.
— Prazer em conhecê-lo, Grom! Nunca vi ninguém como você por aqui. O que é aquele escorregador fazendo neste campo tão longe de tudo? — inquiriu Rubi, sem conseguir tirar os olhos daquela maravilha azul.
— Ah, esse é o motivo de minha vinda! Trouxe-o para cá, para encontrar alegria, deslizando sob o sol e os girassóis. Em minha terra natal, vivíamos a disputar quem usaria o escorregador primeiro e, logo, não havia mais alegria, mas discórdia — explicou Grom com uma ponta de tristeza em sua voz.
Rubi arregalou os olhos, fascinada com a ideia de deslizar pelo escorregador gigante.
— Pode… pode me mostrar como funciona? — perguntou ela, saltitante de empolgação.
— Com prazer! Mas vamos respeitar um ao outro. Assim, ambos poderemos aproveitar! — disse o gorila, que começou a subir a pequena escada atrás do escorregador.
Rubi esperou ansiosamente enquanto Grom se posicionava no topo do brinquedo e, com um sorriso largo, deslizou por ele como uma folha carregada pelo vento de outono, até aterrissar suavemente no chão. Rubi aplaudiu e fez o mesmo, sentindo-se como se voasse.
Nos dias seguintes, a notícia do escorregador mágico se espalhou e animais de todo o vale vinham experimentar a novidade. No entanto, após alguns dias de pura diversão, surgiu um problema. Muitos queriam usar o escorregador ao mesmo tempo, e as discussões começaram a surgir, obscurecendo a felicidade que lá reinava.
Rubi, vendo a discórdia tomar conta do seu belo vale, convocou uma reunião ao pôr do sol nos pés de um girassol gigante.
— Amigos, olhem para este campo! Ele era um lugar de beleza e tranquilidade, e agora estamos todos discutindo. Precisamos lembrar que cada um de nós merece desfrutar do escorregador com a mesma alegria.
Grom, que assistia às palavras da raposa, decidiu intervir.
— Rubi está correta. Em minha terra, vivemos as mesmas disputas. Aprendi que devemos respeitar o espaço e o tempo de cada um, para que todos tenhamos momentos de pura alegria.
Então, juntos, eles criaram um sistema onde cada animal teria seu momento no escorregador, organizando filas e respeitando a vez dos outros. E caso alguém se esquecesse, Rubi e Grom estavam lá para fazer lembrar, com palavras gentis e olhares compreensivos.
Com o tempo, a harmonia retornou ao vale, e o campo de girassóis voltou a ser um lugar de risadas e cantoria, onde o sol se refletia no escorregador azul-céu e cada qual esperava pacientemente pela sua vez de sentir o vento no rosto enquanto deslizava. O respeito mútuo floresceu como os girassóis ao redor, e foi assim que Rubi e Grom ensinaram a todos no vale a verdadeira essência da convivência e da felicidade compartilhada.