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O Segredo da Coruja Padeira

Em uma pequena vila escondida entre colinas suaves, onde as padarias exalam aromas quentes como abraços, vivia uma coruja muito especial chamada Allegra. Ao cair da tarde, quando o céu se tingia de laranja e rosa, Allegra abria as portas de sua charmosa padaria, O Ninho das Delícias, famosa por seus pães fofinhos e croissants brilhantes como ouro.

Allegra não era uma coruja qualquer; ela usava um avental de linho com bolsos atulhados de receitas antigas e seu olhar penetrante captava todos os segredos da cozinha. No entanto, uma coisa tornava Allegra singular em toda a vila: no alto da cabeça, sempre reluzia uma diminuta coroa de prata, incrustada com uma única e deslumbrante safira. Os aldeões muitas vezes cochichavam sobre a coroa, especulando seu mistério, mas Allegra nunca revelou sua origem.

— Bom dia, Allegra! — cumprimentou o senhor Tartale, o carteiro tartaruga, enquanto deslizava lentamente até o balcão com sua sacola cheia de cartas e encomendas.

— Uma bela manhã para assar doces, senhor Tartale! Já sabe, meu bolo de cenoura estará pronto em breve. Sua fatia está garantida — respondeu Allegra com um sorriso sábio, piscando seus grandes olhos, enquanto batia massa com um ritmo que parecia uma dança.

Enquanto fervilhavam bolhas de chocolate e caldas de frutas silvestres borbulhavam em potes de cobre, Allegra escutou um barulho incomum vindo de um dos cestos de baguete. Era um coaxar suave e ritmado. Curiosa, Allegra aproximou-se e ali, entre as baguetes crocantes, encontrou uma rã pequenina e verde olhando para ela com olhos redondos e brilhantes.

— Olá! Eu sou Rinata — disse a rã, inclinando a cabeça num gesto cortês. — Desculpe pelo incômodo, eu estava fugindo do gato Muffel e acabei aqui em sua padaria!

— Não há incômodo algum, Rinata. Sou Allegra, e esta é uma casa de acolhimento e bons pães. Fique à vontade — respondeu a coruja padeira, com uma voz que transmitia carinho e segurança.

— Muito obrigada, Allegra. Aliás, essa coroa que reluz na sua cabeça… é maravilhosa! Qual é a sua história? — perguntou Rinata, enquanto seus olhos refletiam o brilho da joia.

Allegra suspirou e olhou através da janela para o céu que agora se tingia de estrelas. Com um sorriso secreto, ela começou a contar a história que os aldeões tanto especulavam:

— Diz a lenda que esta coroa pertencia à Grande Coruja Sábria, guardiã dos saberes antigos e mestra dos mistérios do vento. Foi dada a mim por uma cigana que a encontrou em suas andanças. Em troca, eu a ensinei a arte de criar pães que aquecem almas e corações.

Rinata, curiosa e encantada, coçou o queixo com uma patinha pensativa.

— Então a coroa lhe traz alguma magia especial? — indagou Rinata, seus olhos refletindo o brilho das estrelas filtradas pela janela da padaria.

Allegra piscou duas vezes e um sorriso enigmático tocou suas penas macias.

— Há quem diga que sim, mas a verdadeira magia, minha jovem rã, está no que criamos com nossas próprias patas e asas. O segredo da boa confeitaria, e da verdadeira magia, é colocar amor e cuidado em cada detalhe — explicou Allegra, dando um leve acenos com a asa em direção aos pães nas prateleiras.

Rinata então saltitou pelo balcão, observando as formas, as cores e os sabores dos quitutes.

— Allegra, você se importaria se eu aprendesse um pouquinho sobre essa mágica da confeitaria? Estou ansiosa para ser uma aprendiz! — Rinata balançou entusiasmada, o que a fez balouçar perigosamente perto da borda do balcão.

— Claro, Rinata! Qualquer um pode ser padeiro se estiver disposta a aprender e a compartilhar alegria. Venha, vou lhe ensinar como se faz o croissant perfeito — disse Allegra, com um orgulho maternal que crescia junto à sua nova aprendiz.

Rinata saltou com emoção, pronta para se tornar uma padeira de mão cheia sob a tutela da coruja de coroa. Foi então que o relógio da torre central da vila tocou, marcando meia-noite. Todas as criaturas da vila sabiam que era a hora mais mágica na padaria O Ninho das Delícias. Allegra e Rinata puseram-se a trabalhar, misturando, amassando e assando.

E, enquanto o tempo passava, a sinfonia de sabores se espalhava pela vila, a coroa na cabeça de Allegra parecia brilhar cada vez mais, como se aprovasse a nova parceria formada naquela noite estrelada. Os dois novos amigos riam e dançavam entre fornadas de pães e doces que saíam do forno, prontos para encantar todos os moradores ao nascer do sol.

As aventuras de Allegra e Rinata acabaram se tornando as mais doces histórias contadas em toda a vila, recheadas de amizade, aprendizado e, claro, os mais deliciosos pães que alguém jamais provaria. Porque em O Ninho das Delícias, cada pão contava uma história, e cada história era um pedacinho de amor assado à perfeição sob o olhar atento de uma coruja padeira e sua coroa de segredos antigos.

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