Madrugada adentro, enquanto o som das ondas quebrava suavemente contra o casco do Navio Luz do Mar, Riquinho, o rato astuto de pelos cinzentos e olhos brilhantes, percorria os corredores do barco à procura de novas aventuras. Quando ninguém estava olhando, Riquinho adorava explorar todas as partes do navio, sempre curioso, sempre inquieto.
Naquela mesma manhã, algo muito especial chamou sua atenção. No canto mais afastado do porão do navio, escondida sob um monte de sacos de farinha, ele encontrou uma antiga televisão. Era um objeto curioso, que não costumava estar a bordo de navios. O rato franziu o cenho, intrigado e animado. Afinal, o que uma televisão estaria fazendo ali, no coração do barco?
— Algo estranho está acontecendo aqui, pensou ele, coçando a cabeça. — Preciso descobrir o que é!
Riquinho decidiu que precisava de ajuda para resolver este mistério e foi procurar seu amigo, Pipo, o papagaio de plumagem verde resplandecente e bico afiado, sempre pronto para uma nova aventura. O papagaio estava empoleirado no alto do mastro, observando o horizonte quando Riquinho o encontrou.
— Pipo, você não vai acreditar no que encontrei! — disse Riquinho, com olhos arregalados de entusiasmo. — Uma televisão no porão do navio! Devemos investigar, algo está errado!
— Uma televisão? — respondeu Pipo, inclinando a cabeça. — Isso é realmente peculiar. Vamos descer e ver o que podemos descobrir.
Juntos, os dois amigos desceram rapidamente até o porão do navio. A velha televisão parecia ainda mais estranha à luz suave das lâmpadas que iluminavam o local. Observando atentamente, Pipo notou que havia algo gravado na parte de trás do aparelho.
— Veja, Riquinho, há uma inscrição aqui! — disse Pipo. — Televisão Encantada de Altomare. Nunca ouvi falar desse lugar. Será que essa televisão é mágica?
Riquinho franziu as sobrancelhas. — A única maneira de saber é ligá-la, não acha?
Com um aperto nervoso e curioso do botão de ligar, a tela da televisão cintilou e prendeu a atenção de ambos. A princípio, apenas estática preencheu a tela, mas, então, uma pequena e encantadora figura apareceu, flutuando como se estivesse viva.
— Olá, valentes viajantes! — disse a figura, que parecia ser um pequeno marinheiro. — Sou o Capitão Pixel, e preciso da sua ajuda. Fui capturado por um malvado pirata digital que deseja controlar o Alto Mar Digital.
Riquinho e Pipo olharam um para o outro, surpresos e determinados.
— Como podemos ajudar, Capitão Pixel? — perguntou Riquinho.
— Existe uma joia mágica escondida neste navio — explicou o Capitão Pixel. — É a única coisa que pode libertar-me e salvar o reino digital. Precisam encontrar a joia antes que o pirata o faça!
A intriga estava lançada, e os dois amigos não perderam tempo em formular um plano. Sua primeira parada foi a cozinha do navio, repleta de panelas, colheres e, claro, cheiros irresistíveis de iguarias marinheiras. Riquinho tinha certeza de que ali encontrariam alguma pista.
Enquanto farejavam entre os grãos de arroz e especiarias, ouviram um barulho estranho vindo do armário lá no fundo. Ao abrirem cautelosamente a porta, um ratinho menor, de bigodes compridos e pêlo dourado, espiou para fora, com olhinhos brilhando de medo.
— Quem é você? — perguntou Riquinho, curioso.
— Sou Doro — respondeu o ratinho, tremendo ligeiramente. — Vi o pirata digital escondendo algo aqui. Parece uma pequena caixa com símbolos estranhos.
Riquinho e Pipo se entreolharam, agora certos de que estavam no caminho certo.
— Fique conosco, Doro — disse Pipo gentilmente. — Vamos resolver isso juntos.
Os três amigos reviraram a cozinha de cima a baixo e, finalmente, encontraram a pequena caixa escondida atrás de um saco de sal grosso. Era uma caixa antiga, cravejada com os mesmos símbolos vistos na televisão. Doro quase pulou de excitação.
— Agora devemos encontrá-la por todo o navio — disse Riquinho, — o Capitão Pixel depende de nossa união e coragem.
Com cuidado, Riquinho, Pipo e Doro abriram a caixa, revelando uma bússola encantada que automaticamente começou a apontar na direção da cabine do capitão. Cheios de expectativa, correram até lá, atentos a qualquer ameaça do pirata digital.
Quando chegaram à cabine, perceberam que não estavam sozinhos. Um brilho misterioso irrompeu da televisão que ali estava, e uma figura sombria surgiu da tela. Era o pirata digital, com olhos faiscantes de malícia.
— Nunca conseguirão a joia mágica! — gritou o pirata, rindo maniacamente. — Este navio e todo o Alto Mar Digital pertencerão a mim!
— Não se estivermos vivos! — exclamou Pipo, particularmente animado, erguendo suas asas em um gesto de bravura.
Uma perseguição frenética começou. Das escadas ao convés, dos armários às macas, o pirata digital lançava raios luminosos em todas as direções. Mas a união dos três amigos, seu trabalho em equipe e sua esperteza natural os ajudaram a escapar dos ataques, até que, finalmente, encontraram a joia mágica enterrada em um compartimento secreto na ala dos motores.
Com a joia em mãos, Riquinho a ergueu para o céu e exclamou:
— Capitão Pixel, mostre-nos o caminho!
A televisão imediatamente interpretou suas palavras e a figura do Capitão Pixel começou a brilhar intensamente. Uma onda de luz ofuscante envolveu a cabine, lançando o pirata digital de volta à dimensão de onde veio.
Quando o brilho mágico se dissipou, o pequeno Capitão Pixel estava livre, planando graciosamente no ar.
— Conseguiram! — comemorou o Capitão Pixel, sorrindo para os heróis. — Graças ao coragem e à amizade de vocês, meu reino e o Alto Mar Digital estão salvos!
Riquinho, Pipo e Doro suspiraram aliviados e se sentaram no convés, enquanto o Capitão Pixel se despedia com gratidão.
— Lembrem-se sempre — disse ele — de que a amizade verdadeira pode superar qualquer obstáculo. Nunca esqueçam da aventura que vivemos juntos!
O sol já se pondo tingia as águas do mar com tons dourados e avermelhados. O Navio Luz do Mar continuava sua jornada, agora com Riquinho, Pipo e Doro como seus novos e valorosos heróis.
