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O Médico e a Raposa na Loja de Brinquedos

Numa pequena cidade, havia uma loja de brinquedos tão vasta que parecia guardar todos os sonhos e segredos das crianças. Seus corredores eram como labirintos coloridos, repletos de magia e encanto. Mas, além dos brinquedos e das historinhas que cada um contava, havia uma televisão antiga, estrategicamente colocada no fundo da loja, que exibia desenhos animados desconhecidos e recheados de aventuras fantásticas.

O Dr. Amaro, um médico com um coração tão grande quanto sua curiosidade, era conhecido por sua habilidade em curar não só com medicinas, mas com palavras de conforto e histórias fascinantes. Após um longo dia de trabalho, decidiu que precisava de um mimo para sua sobrinha Ana e foi até a loja de brinquedos, desconhecendo que sua vida estava prestes a ganhar contornos de uma dessas aventuras incríveis.

— Boa tarde! — saudou ele, entrando, imerso no universo lúdico que se abria à sua frente.

O sino da porta tilintou, mas não houve resposta. Estranhando o silêncio, Dr. Amaro percorreu os corredores cheios de pelúcias, jogos e quebra-cabeças, até que um barulho suave chamou sua atenção. Seguiu o som até um cantinho escondido, onde encontrou algo totalmente inesperado: uma raposa, de pelagem laranja e olhar perspicaz, observando-o com curiosidade.

— Ora, ora, o que faz uma raposa aqui? — murmurou Dr. Amaro, intrigado.

A raposa parecia compreender suas palavras e, com um movimento elegante da cauda, apontou para a televisão antiga.

— Você quer me mostrar algo? — perguntou ele, aproximando-se cautelosamente.

No momento em que os olhos do médico encontraram a tela, uma luz emanou do dispositivo, envolvendo-os em um turbilhão de cores. Quando a luz se dissipou, Dr. Amaro percebeu que já não estavam mais na loja de brinquedos, mas sim num mundo paralelo, que parecia ser a exata manifestação das aventuras exibidas pela televisão.

— Incrível! — exclamou ele, ainda tentando assimilar a mudança abrupta no cenário. — Mas, e agora, como voltamos?

A raposa, que parecia estar familiarizada com aquele ambiente, indicou com um gesto que ele a seguisse e juntos adentraram uma floresta encantada. Dr. Amaro notou que a flora e fauna ali presentes desafiavam qualquer lógica científica que conhecia; plantas conversavam entre si, e animais de contos de fadas passeavam livremente.

Eles caminharam por algum tempo até chegarem a uma clareira, onde um grupo de criaturas encantadas reunia-se. Uma criatura, que parecia ser o líder, aproximou-se e dirigiu a palavra a eles.

— Saudações, viajantes. Nosso mundo enfrenta uma terrível enfermidade. Apesar de nossos poderes, não conseguimos encontrar uma cura. — Sua voz era melodiosa, porém carregada de tristeza.

Dr. Amaro, movido pelo desejo de ajudar, prontificou-se.

— Eu sou médico no mundo de onde venho. Talvez eu possa ajudar. Qual é a natureza dessa enfermidade?

Após uma longa conversa, na qual o médico fez diversas perguntas e examinou um por um dos doentes com os poucos recursos que tinha à disposição, conseguiu compreender a origem do mal que afligia aquelas criaturas. Era algo similar a uma alergia, causada pela poluição de um rio mágico, essencial para a saúde do mundo encantado.

Dr. Amaro esboçou um plano, ensinando às criaturas como filtrar a água e elaborando uma espécie de remédio natural com os ingredientes que a floresta proporcionava. Após alguns dias de tratamento, a saúde das criaturas começou a melhorar gradativamente, e a alegria voltou a reinar no reino.

— Você salvou nosso mundo, Dr. Amaro. Como podemos agradecer? — perguntou a criatura líder, com um brilho de gratidão nos olhos.

— A aventura e a oportunidade de ajudar já são um presente maravilhoso. Mas, precisamos voltar ao nosso mundo.

Entendendo o pedido, a raposa guiou Dr. Amaro de volta para a clareira onde tudo começou. Lá, a televisão antiga repousava tranquilamente, como portal de retorno. Antes de partirem, as criaturas encantadas presentearam o médico com uma pequena bolsa de remédios mágicos, assegurando que apenas funcionariam naquele mundo fantástico.

— Use-os em sua próxima visita — disse a raposa, com um olhar que misturava despedida e esperança.

E assim, com um flash de luz, Dr. Amaro e a raposa encontraram-se de volta à loja de brinquedos, como se nenhum tempo tivesse passado.

— Isso foi… incrível! — exclamou Dr. Amaro, olhando para a raposa, que com um piscar de olhos, transformou-se numa linda pelúcia.

Decidindo levar a pelúcia como lembrança de sua inesperada aventura, Dr. Amaro deixou a loja de brinquedos com um sorriso no rosto e uma história fantástica para contar à sua sobrinha Ana. Ele sabia que, dentro de cada brinquedo, de cada história, havia magia esperando para ser descoberta.

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