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A Jornada Inesperada do Rato de Botas no Trem dos Sonhos

No interior de um vagão antiquado, um rato pequenino, de pelos sedosos e bigodes que se agitavam a cada respiração, esgueirava-se habilidosamente entre malas e embrulhos. Este não era um rato comum. Raticus, como era conhecido, carregava consigo um par de botas de couro de perfeito acabamento, um presente de uma simpática velhinha que reconhecera sua inusitada bravura.

— Olá, senhor condutor! A próxima parada do Trem dos Sonhos guarda grandes aventuras? — perguntou Raticus, com uma curiosidade que brilhava em seus olhinhos negros.

O condutor, um homem com um bigode tão espesso quanto um ninho de pássaros, desviou por um momento o olhar da imensidão dos trilhos para fitar seu minúsculo interlocutor.

— Ah, meu jovem amigo, em cada parada há um enigma a ser resolvido, e o trem só segue viagem quando o mistério é desvendado.

Raticus sentiu uma fagulha de entusiasmo percorrer seu corpo miúdo. Ele estava pronto para o desafio. O trem era sua vida, cada curva dos trilhos, cada pausa nos destinos desconhecidos era uma nova página de sua história.

— Acredita que este rato de botas pode ajudar?

— Todos têm um papel nesta jornada, meu caro Raticus. Prepare-se, pois mais rápido do que um piscar de olhos, estarás no meio de uma grande aventura.

No horizonte, uma estação se aproximava e o trem foi perdendo velocidade. Era um lugar onde os relógios pareciam perder seu compasso e os ventos sussurravam enigmas. Assim que as rodas da locomotiva cessaram seu movimento, uma onda de expectativa se espalhou entre os passageiros.

Raticus deslizou silenciosamente pela porta e saltou para o chão da estação, suas botas aterrissando delicadamente na plataforma. O mistério não tardou, pois logo perante todos surgiu um coelho enorme, com olhos de um âmbar confuso e orelhas tão altas quanto mastros de navios antigos.

— Ajuda! Oh, peço por ajuda! — exclamou o coelho com uma voz que trazia urgência. — Meu relógio mágico foi desmontado por uma traquinas ventania e suas peças foram espalhadas nas quatro direções!

— Não se desespere, amigão! Raticus, o rato das botas, está aqui para ajudar. — Raticus fez uma reverência, seu bigode tremelicando com confiança.

Em pouco tempo, um esquadrão de investigação foi formado: Raticus à frente, o coelho ansioso ao seu lado e uma fileira de crianças curiosas que resolveram unir-se à causa.

— Mas como encontraremos estas peças tão minúsculas? — indagou um menino de cachos dourados e olhos como o céu ao amanhecer.

Raticus, com a argúcia que só os mais extraordinários roedores possuem, enxergou o brilho de luz que reverberava perto de um banco da estação. Rapidamente, ele correu até lá, escalou a estrutura de madeira e, com a destreza de suas patinhas, resgatou a minúscula engrenagem.

— Como você conseguiu ver isso, Raticus? — a menina de tranças perguntou, impressionada com a habilidade do herói.

— Os olhos podem enganar, mas uma boa par de botas, nunca! — respondeu Raticus, com um sorriso maroto e faíscas de alegria dançando em seu olhar.

Juntos, eles vagaram pelos cantos mais inesperados da estação, encontrando peças debaixo de bancos, entre flores silvestres e até mesmo nas águas claras da fonte central. Cada descoberta era celebrada com risos e aplausos.

Conforme o sol se punha, lançando um manto dourado sobre o Trem dos Sonhos, todas as peças foram reunidas. O coelho, com sua destreza de dedos rápidos e precisos como o tique-taque de um relógio, recompôs seu tesouro mágico.

— Nunca duvidei do soberbo Raticus! — exclamou o coelho, agora aliviado e exultante.

O trem apitou triunfante, e todos embarcaram nas suas acomodações. Raticus, com uma piscadela cúmplice, pulou de volta ao seu cantinho aconchegante entre os assentos, envaidecido e pronto para a próxima aventura.

A noite caiu, e as estrelas vieram saudar os viajantes do Trem dos Sonhos. Os trilhos brilhavam sob um luar encantado, promessa de que a magia e as explorações corajosas aguardavam a cada destino inesperado. Raticus, o pequeno e intrépido, fez uma última vistoria em suas botas legendárias antes de se aninhar para dormir, sonhando com as próximas maravilhosas surpresas que a vida em movimento sobre trilhos reservava. Porque a verdadeira aventura, ele sabia, estava sempre nas pequenas grandes façanhas do coração valente.

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